quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Seminário de Educação

Prof.ª Vera, Juliana, Prof.ª Tânia, Vera, Thatyana, eu (Prof.ª Rose), Fabiana e Carla.
Esta foto foi do seminário de Educação realizado no Colégio Batista Americano, nossa apresentação foi sobre Tendência Pedagógica Progressista Libertária .


Este foi o trabalho sobre Tendencia Progressista Libertária que apresentamos

TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA
Rosemeire Salazar da Silva
Vera Lúcia
Juliana Ferreira
Fabiana
Thatyana Reis
Carla Pires

Seminário de Educação apresentado ao Colégio do Instituto Batista Americano, como nota do 2° trimestre nas disciplinas  Didática  do Ensino Fundamental e Práticas Pedagógica do Curso Pós Médio Normal.

RESUMO
O presente texto tem como objetivo analisar a Tendência Progressista Libertaria e sua aplicabilidade em nossa sociedade. Apresentar os principais defensores desta proposta  e abordar argumentos sobre a tendência libertária e a educação em nosso país. Diferenciar as Tendências Progressistas e a ideologia de cada uma. Brevemente, será exposta a Pedagogia Libertária norteada pela anarquia, pela crítica institucional, porém com propostas de práticas educativas construídas a partir da autogestão e da solidariedade. Nesse sentido, as contribuições de Miguel Arroyo, José Pacheco serão delineadas frente aos desafios concretos e possíveis da proposta libertária. Analisar o cenário político-social brasileiro no período que surgiu esta tendência pedagógica em nosso país. Mostraremos de onde vem as dificuldades em se fazer mudanças na educação nacional. Mostraremos como este trabalho está sendo feito no Projeto Ancora na cidade de Cotia em São Paulo e a posição da  mídia em relação a este trabalho. A proposta libertária trás grandes benefícios e  mudanças  para a sociedade pois rompe de forma radical com toda coerção estabelecida por séculos nas instituições de ensino em nossa sociedade.

Palavras-chave: Pedagogia Libertária, Anarquia, Autogestão.

1.        INTRODUÇÃO
          A educação em nosso país vive um momento de crise, e esta crise segundo Beatriz Fisher, dura no mínimo 100 anos. Em seu lado positivo a crise nos faz avançar, crescer, mas quando se fala de educação isso não acontece, a crise na educação serve somente para que sejam apontados alguns culpados e não causam nenhuma mudança. “Em algumas cidades chega-se ao absurdo de vereadores decretarem o que o professor deve ensinar sem que isso seja discutido por quem está qualificado pra isso”  FISHER. Aí entra a vontade (não respeitada) dos maiores interessados segundo os libertários, os alunos. Muito interessante e merecedor de uma apreciação é esta frase que FISHER apresentou na TED “mas os moços de hoje são excessivamente sabidos e não toleram restrições...”, “quando eu era menino ensinavam-nos a ser discretos, a respeitar os mais velhos...”, “não vejo esperança para o futuro de nosso povo se depender da mocidade de hoje...”, estas frases estão nos escritos de Hesídio séc. VIII a.C. A queixa dos mais velhos sobre os mais moços é bem velha, e a de professores sobre alunos também. Mas a pesar da crise e das queixas antigas nenhuma mudança é aceita. Existe uma dificuldade em aceitarmos o novo, acreditamos que mudanças devem acontecer dentro de um processo gradual, lento e mínimo.  Aceitamos e valorizamos tudo que é importado em detrimento do nacional (modelo educacional).
            A pedagogia libertária considera desde o início a ineficácia e a nocividade de todos os métodos à base de obrigações e ameaças. Nesse sentido, o professor deve se por a serviço do aluno sem impor suas concepções e ideias, sem fazer do aluno um "objeto", ele deve se misturar ao grupo para uma reflexão em comum.
           Toda essa liberdade de decisão tem um sentido bem claro. Se um aluno resolve não participar, o faz porque não se sente integrado, mas o grupo tem responsabilidade sobre esse fato e tem que colocar a questão em discussão.
          O critério de relevância do saber é seu possível uso prático. Por isso mesmo não faz sentido qualquer tentativa de avaliação da aprendizagem, ao menos não em termos de conteúdo.
          A pedagogia libertária abrange quase todas as tendência anti-autoritárias em educação, dentre elas a anarquista, a psicanalista, a dos sociólogos e também a dos professores progressistas.
                      
            Neste trabalho pretendemos mostrar o surgimento da Pedagogia Progressista Libertária.  Relatando o contexto social para o surgimento da  ideia libertária, os pensadores que se agregaram a este pensamento tornando-o uma tendência, até os dias atuais onde podemos ver sua aplicação.  Logo, é imprescindível uma permanente visita aos conceitos, à história, à filosofia, às ideias educacionais, a psicologia, as ações humanas como a transgressão, ao trabalho de campo, a reportagens ligadas ao assunto, percebendo que o conhecimento não está acabado. E de onde surge este pensamento? O pensamento libertário vem da filosofia política anarquista que engloba teorias, métodos e ações que objetivam a eliminação total de todas as formas de governo compulsório. De um modo geral anarquistas  são contra qualquer tipo de ordem hierárquica que não sejam livremente aceita e, assim, preconizam os tipos de organização libertárias. Anarquia significa ausência de coerção e não ausência de ordem. A noção equivocada de que anarquismo é sinônimo de caos se  popularizou entre o final do sec. XIX e inicio do sec. XX através dos meios de comunicação e de propaganda patronais, mantidos por instituições políticas e religiosas. Neste período em razão do grau elevado de organização dos segmentos operários, de fundo libertário, surgiram inúmeras campanhas antianarquistas. Outro equivoco banal é  considerar “anarquia” como sendo ausência de laços de solidariedade(indiferença) entre os homens. À ausência de ordem- ideia externa aos princípios anarquistas-, dá-se o nome de “anomia”. Passando da conceituação do anarquismo à consolidação dos seus ideais, existe uma série de debates em torno da forma mais adequada para se alcançar e se manter uma sociedade anárquica. Eles perpassam pela necessidade ou não da existência de uma moral anarquista,de uma plataforma organizacional, questões referentes ao determinismo da natureza humana, modelos educacionais e implicações técnicas, científicas, sociais e políticas da sociedade pós-revolução.
          Assim queremos mostrar como a educação no Brasil pode se transformar, se a tendência Progressista Libertária for adotada pelas instituições de educação.
          Trabalharemos as dificuldades do professor em relação as mudanças, a forma transgressora do ser humano atuar em sociedade,  o velho e o novo na educação(os queixumes), o pensamento coletivo e consentido.

2.     JUSTIFICATIVA
          Acreditamos que a Tendência Progressista Libertária é uma forma de tornar a educação mais agradável e acabar com as diferenças sociais. O modelo que se aplica hoje é o mesmo que se aplicava há 100 anos. Precisamos desta mudança,  o exemplo do educador José Pacheco, que se reconheceu como um fracassado e resolveu aprender a aprender, e como resultado desta busca, realiza um trabalho na escola da Ponte em Portugal reconhecido internacionalmente por seu êxito (modelo libertário) e do Projeto Âncora no Brasil, só reforça nossa opinião a respeito da necessidade de uma transformação na forma de  ensinar dos nossos educadores.
            A manutenção do status quo da elite brasileira é sustentada por este sistema educacional vigente desde a colonização até os dias atuais.  Há a  necessidade de instituir novas e autônomas formas de organização das escolas, e abandonar um ensino meramente transmissivo em favor de uma educação crítica.
             A forma como o sistema escolar está organizado não é adequada para o mundo atual. Queremos um ambiente onde o aluno não pare de estudar. Onde crianças e jovens aprendam e não haja evasão escolar. Qual é a proposta pedagógica que atenderia a sociedade brasileira hoje?
            Esta tendência encontra uma resistência enorme por parte da sociedade e pelos educadores, por causa de sua ideologia anarquista. Por este motivo queremos mostrar seus benefícios  e sua real proposta, despidos de preconceito em relação ao assunto. Pretendemos mostrar quem são os interessados em manter o sistema atual.

3.     CONTEXTO HISTÓRICO
             Os movimentos anarquistas, os movimentos operários, no século XX, surgiram como contestação social e na luta por reivindicações de igualdade. Tal contestação permeou a educação tanto na Europa como no Brasil. Atualmente, as discussões sobre o anarquismo nem sempre levam em consideração o seu contexto de contestação e lutas sociais. Anarquia possui o significado de ausência de coerção e não a ausência de ordem. Como reação ao movimento anárquico, no final do século XIX e no início do século XX, espalhou a compreensão de que o anarquismo seria a instauração do caos ou então a instauração da indiferença das relações humanas. Assim, cabe conceber o anarquismo enquanto um pensamento que contestou a hegemonia do capitalismo, o autoritarismo do socialismo e as estruturas de coerção. Como as pessoas educadoras anarquistas não acreditavam que nem o Estado ou a Igreja pudessem promover seus ideias libertários, e levando em consideração que, no caso do Brasil, muitas escolas surgiram devido às igrejas, houve dificuldades de manutenção das escolas libertárias. Apesar de o movimento anárquico ser conhecido pela sua radicalidade, a tendência pedagógica libertária não é vazia, sem propostas. Há uma preocupação com as possibilidades de transformação, possibilidade de uma educação que não seja escrava da sociedade capitalista. No Brasil, o movimento anarquista e operário foi impulsionado pelas ideias “de fora”. Como os imigrantes europeus se encontravam no Brasil trabalhando em indústrias, há uma relação direta entre os princípios libertários estrangeiros. A divulgação das ideias, através de panfletos, da imprensa era um instrumento de denúncia e de conscientização. Claro que a oposição e a perseguição do clero e do Estado acompanhavam e repreendiam as manifestações e publicações libertárias.        

4.     A EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA

             O que esta tendência propõe  é a autogestão que supõe a gestão da educação pelos envolvidos no processo educacional; isso significa a devolução do processo de aprendizagem às comunidades onde o indivíduo se desenvolve (bairro, local de trabalho). Autonomia do indivíduo, o indivíduo não é um meio; é fim em si mesmo. No universo das coisas (mercadorias) tudo tem um preço, porém só o homem tem dignidade, negação total de prêmios ou punições. Solidariedade, da mesma maneira que o capitalismo cria a competição entre os trabalhadores, para superá-las eles desenvolvem formas de solidariedade.
               A pedagogia libertária espera que a escola exerça uma transformação na personalidade dos alunos, num sentido libertário e autogestionário (a escola institui, com base na participação dos grupos, mecanismos institucionais de mudança, através de assembleias, conselhos, eleições, reuniões e associações).
              As matérias são colocadas à disposição do aluno, mas não são exigidas. São um instrumento a mais, porque o que realmente é importante para a pedagogia libertária é o conhecimento que resulta das experiências vividas pelo grupo. O método de ensino, portanto, dá-se na vivência grupal, é na forma de autogestão que os alunos buscarão encontrar as bases mais satisfatórias de sua própria aprendizagem, sem qualquer forma de poder. Trata-se de colocar nas mãos do aluno tudo que for possível. Os alunos têm liberdade de trabalhar ou não, ficando o interesse pedagógico na dependência de suas necessidades ou das do grupo.
            A educação tem grande importância para os anarquistas, pois é por meio dela que acontecem as transformações na social.: não apenas à educação dita formal, aquela oferecida nas escolas, mas também àquela dita informal, realizada pelo conjunto social e daí sua ação cultural através do teatro, da imprensa, seus esforços de alfabetização e educação dos  trabalhadores, seja através dos sindicatos ou das associações operárias. É com relação à escola, que vimos os maiores desenvolvimentos teóricos e práticos no sentido da constituição de uma educação libertária. 
            Os anarquistas fazem uma crítica à  educação tradicional,  oferecida  pelo capitalismo, tanto em seu aparelho estatal de educação quanto nas instituições privadas. A principal acusação libertária diz respeito ao caráter ideológico da educação, procurando mostrar que as escolas dedicam-se a reproduzir a estrutura da sociedade de exploração e dominação, ensinando os alunos a ocuparem seus lugares sociais pré-determinados. A educação assumia, assim, uma importância política bastante grande, embora ela se encontre devidamente mascarada sob uma aparente “neutralidade".
 
            Assim os anarquistas assumem o caráter político da educação, querendo colocá-la não mais ao serviço da manutenção de uma ordem social, mas sim de sua transformação, denunciando as injustiças e desmascarando os sistemas de dominação, despertando nos indivíduos a consciência da necessidade de uma revolução social. 
             
Metodologicamente, a proposta anarquista de educação vai procurar trabalhar com o princípio de liberdade, o que abre duas vertentes de compreensão e de ação diferenciadas: uma toma a liberdade como meio, a outra como fim. 
              A escola não pode ser um espaço de liberdade em meio à coerção social; sua ação seria inócua, pois os efeitos da relação do indivíduo com as demais instâncias sociais seria muito mais forte. Partindo do princípio de autoridade, a escola não se afasta da sociedade, mas insere-se nela. O fato é, porém, que uma educação anarquista coerente com seu intento de crítica e transformação social deve partir da autoridade não para tomá-la como absoluta e intransponível, mas para superá-la. O processo pedagógico de uma construção coletiva da liberdade é um processo de des-construção paulatina da autoridade. (Silvio Gallo)

4.1.            O PARADIGMA ANARQUISTA E A EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA
           
              O progressista nas discussões pedagógicas contemporâneas defende a escola pública. A atual Constituição brasileira afirma que a educação é um "direito do cidadão e um dever do Estado", definindo desde o início a responsabilidade do Estado para com a educação. Ela é, porém, um empreendimento bastante dispendioso, e por certo esse interesse do Estado não é gratuito ou meramente filantrópico. A história nos mostra que os assim chamados sistemas públicos de ensino são bastante recentes e consolidam-se junto com as revoluções burguesas que parecem querer contribuir para transformar o "súdito" em "cidadão", operando a transição política para as sociedades contemporâneas. Outro fator importante é a criação, através de uma educação "única", do sentimento de nacionalidade e identidade nacional, fundamental para a constituição do Estado-nação. Segundo GALO:
Os anarquistas,  coerentes  com  sua  crítica  ao  Estado,   jamais  aceitaram  essa  educação oferecida  e  gerida  por  ele;  por  um  lado,  porque o Estado certamente  utilizar-se-á deste veículo de  formação/informação que é a educação para disseminar as visões sócio-políticas que lhe são interessantes.

              A pedagogia anarquista diverge de outras tendências progressistas, que procuram ver no sistema público de ensino "brechas" que permitam uma ação transformadora, subversiva mesmo, que vá aos poucos minando por dentro esse sistema estatal e seus interesses. Só que existem limites muito estreitos para uma suposta "gestão democrática" da escola pública. Ou, para usar palavras mais fortes e precisas, o Estado "permite" uma certa democratização e mesmo uma ação progressista até o ponto em que essas ações não coloquem em xeque a manutenção de suas instituições e de seu poder; se este risco chega a ser pressentido, o Estado não deixa de utilizar de todas as suas armas para neutralizar as ações "subversivas".
            É por isso que, na perspectiva anarquista, a única educação revolucionária possível é aquela que dá-se fora do contexto definido pelo Estado, sendo esse afastamento mesmo já uma atitude revolucionária. A proposta é que a própria sociedade organize seu sistema de ensino, à margem do Estado e sem a sua ingerência, definindo ela mesma como aplicar seus recursos e fazendo a gestão direta deles, construindo um sistema de ensino que seja o reflexo de seus interesses e desejos. É o que os anarquistas chamam de autogestão.


5.     TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS 
            Segundo SAVIANI as tendências pedagógicas progressistas analisam de forma critica as realidades sociais, cuja educação possibilita a compreensão da realidade histórico-social, explicando o papel do sujeito como um ser que constrói sua realidade. Ela assume um caráter pedagógico e político ao mesmo tempo. É divida em três tendências:
5.1.            Libertadora: o papel da educação é conscientizar para transformar a realidade e os conteúdos são extraídos da pratica social e cotidiana dos alunos. Os conteúdos pré-selecionados são vistos como uma invasão cultural. A metodologia é caracterizada pela problematizarão da experiência social em grupos de discussão. A relação do professor com o aluno é tida como horizontal em que ambos passam a fazer parte do ato de educar.
5.2.            Libertaria: a escola propicia praticas democráticas, pois acredita que a consciência política resulta em conquistas sócias. Os conteúdos dão ênfase nas lutas sociais, cuja metodologia é está relacionada com a vivência grupal. O professor torna-se um orientador do grupo sem impor suas idéias e convicções.
5.3.            Crítico-social dos conteúdos: a escola tem a tarefa de garantir a apropriação critica do conhecimento cientifico e universal, tornando-se uma arma de luta importante. A classe trabalhadora deve apropriar-se do saber. Adota o método dialético, esse que é visto como o responsável pelo confronto entre as experiências pessoais e o conteúdo transmitido na escola. O educando participa com suas experiências e o professor com sua visão da realidade.

6.      MIGUEL ARROYO E A EDUCAÇÃO NO EJA
            No final dos anos setenta e durante toda a década de oitenta as manifestações políticas,  inicialmente relacionadas ao combate à ditadura, à anistia e ao retorno ao Estado de Direito faz surgir no país o valor ao direito a cidadania. Trazendo com isso uma visam nova com relação a educação no Brasil. Este novo cenário faz surgir novos atores capazes de gerar uma grande transformação político-social em nosso país. É nesse contexto que a produção teórica e conceitual de Miguel González Arroyo passa a circular entre os que se inseriam no conjunto das lutas sociais.
           Segundo (Nogueira, 2011) em um cenário de profundas transformações, pontuado por intensa mobilização social, os atores sociais tinham em suas mãos os vislumbres de uma nova sociedade mais democrática e mais pluralista. Aprofundar as relações entre educação, trabalho e movimentos sociais confluía na (re)significação das virtualidades educativas dos sistemas de educação como via de acesso a uma sociedade mais igualitária e menos injusta. Buscava-se um referencial analítico capaz de repor na cena pública os sujeitos coletivos e, ultrapassar uma visão da escola como mero aparelho ideológico do Estado.
          Arroyo tem uma preocupação constante com a inserção, no sistema escolar, daqueles que expõem as brutais desigualdades que os vitimam. Miguel Arroyo critica a forma como os “coletivos feitos desiguais” são situados como o problema das instituições: incivilizados, incultos, incapazes, violentos. A radicalidade de sua análise, está em demonstrar em que medida o funcionamento do Estado e o sentido das políticas sociais, entre elas a educação, colabora para a produção e a manutenção das desigualdades que dizem querer superar. Lembra-nos que, na solução proposta por políticas compensatórias e distributivas que pretendem suplementar carências, “o único sujeito da ação será o Estado, suas políticas, suas instituições e seus gestores” (Arroyo, 2010, p. 5). Nogueira diz “Com essa afirmativa, o autor não quer argumentar em torno de uma nova proposição de política, mas sinalizar que a visão da diferença como problema tem funcionado como mecanismo de sua produção como desigualdade.” Assim Miguel Arroyo produz uma crítica às políticas de inclusão que não avançam em relação à forma como definem os coletivos desiguais, portanto não interferem na contínua transposição da diferença em desigualdade. O binômio exclusão-inclusão é insuficiente para superar uma lógica de relações de poder estabilizada no funcionamento do Estado.
      
               Miguel diz  que hoje quem se afirma na sociedade é o coletivo, são os movimentos que ganham poder e atingem os objetivos. E isso se demonstra nas passeatas, marchar e todo tipo de manifesto. Mas nossa sociedade ainda é individualista, e ele fala sobre isso em seu  texto “Pedagogias em movimento”, onde ele faz a pergunta sobre o que temos que aprender com os movimentos sociais? Onde ele mostra a importância dos direitos coletivos. Falamos tanto do jovem mais não conseguimos dar uma aula para uma turma pensando no coletivo, a questão do gênero também é tratada. Não temos uma pedagogia da diversidade.
            Em uma palestra em 2010 Arroyo fala sobre a EJA, e diz que é necessário falar sobre a história do trabalho e diz que a história do trabalho está ausente da história da educação básica. A história do trabalho docente está ausente dos cursos de pedagogia e de licenciatura. A história do movimento docente está ausente, e ele defende que seja colocado no currículo mesmo sem  que o MEC determine, para ele isso é dever do professor. E ele afirma que a padrão de trabalho nas sociedades colonizadas é diferentes, aqui o trabalho nasceu racista. A diferença do trabalho para índios, negros e colonizadores, e a diferença que permanece até hoje. Tudo que move a sociedade determina a os rumos da educação. O trabalho sempre foi para poucos, Incerto para muitos e manter as pessoas nesta situação de incerto é uma forma perversa de manter a sociedade em situação, lugares e condições sociais incertos. Quem passa pelo ProEJA não vai ganhar um trabalho certo, diferente de quem  passa por um curso de engenharia. Esta pedagogia capitalista colonial brutal é para manter os outros na incerteza. Temos que ensinar estes jovens do ProEJA de onde eles vieram e onde iram cair depois e que padrão de trabalho os persegui e que vai continuar perseguindo. Ou seja ver este padrão de trabalho colado ao padrão de dominação subordinação na especificidade de nossa história colonial e pós-colonial capitalista. Este seria um ponto para a proposta curricular para ele saber se. E se o currículo é só para ele dominar algumas coisas da tecnologia e sair pensando conhecer estamos enganando jovens e adultos que vem de um percurso tão sofridos  e que lutam por vida, comida, moradia e nós prometendo que após a passagem pelo ProEJA tudo será diferente.

7.      ESCOLA DA PONTE, UM MODELO A SER SEGUIDO
             O modelo revolucionário da Escola da Ponte, referência mundial em educação, foi a inspiração para o Projeto Âncora – ONG em Cotia, São Paulo, com 17 anos de atuação na área social – lançar sua escola de educação básica. Assim como a portuguesa, a Escola Projeto Âncora não tem séries; alunos de 6 a 10 anos estudam juntos, desenvolvem projetos de pesquisa de acordo com suas afinidades e são orientados por professores e pedagogos.  A  repercussão do trabalho de José Pacheco na mídia brasileira é grande. Seu trabalho já foi mostrado em programas como Esquenta e Fantástico da rede Globo. Seus vídeos aparecem com frequência  quando se pesquisa  as Tendências Progressistas. Grandes intelectuais como Rubem Alves e Roberto Freire se curvaram diante o trabalho deste educador.
             José Pacheco não é o primeiro - e nem será o último - a desejar uma escola que fuja do modelo tradicional. Ao contrário de muitos, no entanto, o educador português pode se orgulhar por ter transformado seu sonho em realidade. Há 28 anos ele coordena a Escola da Ponte. Apesar de fazer parte da rede pública portuguesa, a escola de ensino básico, localizada a 30 quilômetros da cidade do Porto, em nada se parece com as demais.
             A Ponte não segue um sistema baseado em seriação ou ciclos e seus professores não são responsáveis por uma disciplina ou por uma turma específicas. As crianças e os adolescentes que lá estudam - muitos deles violentos, transferidos de outras instituições - definem quais são suas áreas de interesse e desenvolvem projetos de pesquisa, tanto em grupo como individuais. 
           A cada ano, as crianças e os jovens criam as regras de convivência que serão seguidas inclusive por educadores e familiares. É fácil prever que problemas de adaptação acontecem. Há professores que vão embora e alunos que estranham tanta liberdade. Nada, no entanto, que faça a equipe desanimar. 
          José Pacheco agora aposta no Projeto Âncora como a semente de uma educação inovadora no Brasil, cuja proposta pedagógica substitua aulas expositivas e turmas separadas em séries por espaços de aprendizagem.

BIBLIOGRAFIA
Beatriz Fischer : o velho e o novo na educação TEDxUnisinos
Experiências Inovadoras na Educação: José Pacheco at TEDxUnisinos

EMEF Presidente Campos Salles no Esquenta! Exibido no dia 05 de maio de 20013

Tendência Pedagógica Progressista Libertária –Uma breve apresentação - Kathlen Luana de Oliveira*   

 p://www.flogao.com.br/chivunk/blog/940345









SAVIANI. Dermeval. Escola e democracia. 31 ed. Campinas: Autores Associados, 1997.




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