Prof.ª Vera, Juliana, Prof.ª Tânia, Vera, Thatyana, eu (Prof.ª Rose), Fabiana e Carla.
Esta foto foi do seminário de Educação realizado no Colégio Batista Americano, nossa apresentação foi sobre Tendência Pedagógica Progressista Libertária .
Este foi o trabalho sobre Tendencia Progressista Libertária que apresentamos
TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA
Rosemeire
Salazar da Silva
Vera
Lúcia
Juliana
Ferreira
Fabiana
Thatyana
Reis
Carla
Pires
Seminário de Educação
apresentado ao Colégio do Instituto Batista Americano, como nota do 2°
trimestre nas disciplinas Didática do Ensino Fundamental e Práticas Pedagógica do
Curso Pós Médio Normal.
RESUMO
O
presente texto tem como objetivo analisar a Tendência Progressista Libertaria e sua
aplicabilidade em nossa sociedade. Apresentar os principais defensores desta proposta e abordar argumentos sobre a tendência
libertária e a educação em nosso país. Diferenciar as Tendências Progressistas
e a ideologia de cada uma. Brevemente, será exposta a Pedagogia
Libertária norteada pela anarquia, pela crítica institucional, porém com
propostas de práticas educativas construídas a partir da autogestão e da
solidariedade. Nesse sentido, as contribuições de Miguel Arroyo, José Pacheco serão
delineadas frente aos desafios concretos e possíveis da proposta libertária. Analisar o cenário
político-social brasileiro no período que surgiu esta tendência pedagógica em
nosso país. Mostraremos de onde vem as dificuldades em se fazer mudanças na
educação nacional. Mostraremos como este trabalho está sendo feito no Projeto
Ancora na cidade de Cotia em São Paulo e a posição da mídia em relação a este trabalho. A proposta
libertária trás grandes benefícios e mudanças para a sociedade pois rompe de forma radical
com toda coerção estabelecida por séculos nas instituições de ensino em nossa
sociedade.
Palavras-chave:
Pedagogia Libertária, Anarquia, Autogestão.
1. INTRODUÇÃO
A educação em nosso país vive um
momento de crise, e esta crise segundo Beatriz Fisher, dura no mínimo 100 anos.
Em seu lado positivo a crise nos faz avançar, crescer, mas quando se fala de
educação isso não acontece, a crise na educação serve somente para que sejam
apontados alguns culpados e não causam nenhuma mudança. “Em algumas cidades
chega-se ao absurdo de vereadores decretarem o que o professor deve ensinar sem
que isso seja discutido por quem está qualificado pra isso” FISHER. Aí entra a vontade (não respeitada)
dos maiores interessados segundo os libertários, os alunos. Muito interessante
e merecedor de uma apreciação é esta frase que FISHER apresentou na TED “mas os
moços de hoje são excessivamente sabidos e não toleram restrições...”, “quando
eu era menino ensinavam-nos a ser discretos, a respeitar os mais velhos...”,
“não vejo esperança para o futuro de nosso povo se depender da mocidade de
hoje...”, estas frases estão nos escritos de Hesídio séc. VIII a.C. A queixa
dos mais velhos sobre os mais moços é bem velha, e a de professores sobre
alunos também. Mas a pesar da crise e das queixas antigas nenhuma mudança é
aceita. Existe uma dificuldade em aceitarmos o novo, acreditamos que mudanças
devem acontecer dentro de um processo gradual, lento e mínimo. Aceitamos e valorizamos tudo que é importado
em detrimento do nacional (modelo educacional).
A pedagogia
libertária considera desde o início a ineficácia e a nocividade de todos os
métodos à base de obrigações e ameaças. Nesse sentido, o professor deve se por
a serviço do aluno sem impor suas concepções e ideias, sem fazer do aluno um
"objeto", ele deve se misturar ao grupo para uma reflexão em comum.
Toda essa
liberdade de decisão tem um sentido bem claro. Se um aluno resolve não
participar, o faz porque não se sente integrado, mas o grupo tem
responsabilidade sobre esse fato e tem que colocar a questão em discussão.
O critério
de relevância do saber é seu possível uso prático. Por isso mesmo não faz
sentido qualquer tentativa de avaliação da aprendizagem, ao menos não em termos
de conteúdo.
A pedagogia
libertária abrange quase todas as tendência anti-autoritárias em educação,
dentre elas a anarquista, a psicanalista, a dos sociólogos e também a dos
professores progressistas.
Neste trabalho pretendemos mostrar o surgimento da Pedagogia
Progressista Libertária. Relatando o
contexto social para o surgimento da
ideia libertária, os pensadores que se agregaram a este pensamento
tornando-o uma tendência, até os dias atuais onde podemos ver sua
aplicação. Logo, é imprescindível uma
permanente visita aos conceitos, à história, à filosofia, às ideias
educacionais, a psicologia, as ações humanas como a transgressão, ao trabalho
de campo, a reportagens ligadas ao assunto, percebendo que o conhecimento não
está acabado. E de onde surge este pensamento? O pensamento libertário vem da
filosofia política anarquista que engloba teorias, métodos e ações que
objetivam a eliminação total de todas as formas de governo compulsório. De um
modo geral anarquistas são contra
qualquer tipo de ordem hierárquica que não sejam livremente aceita e, assim,
preconizam os tipos de organização libertárias. Anarquia significa ausência de
coerção e não ausência de ordem. A noção equivocada de que anarquismo é sinônimo
de caos se popularizou entre o final do
sec. XIX e inicio do sec. XX através dos meios de comunicação e de propaganda
patronais, mantidos por instituições políticas e religiosas. Neste período em
razão do grau elevado de organização dos segmentos operários, de fundo
libertário, surgiram inúmeras campanhas antianarquistas. Outro equivoco banal
é considerar “anarquia” como sendo
ausência de laços de solidariedade(indiferença) entre os homens. À ausência de
ordem- ideia externa aos princípios anarquistas-, dá-se o nome de “anomia”.
Passando da conceituação do anarquismo à consolidação dos seus ideais, existe
uma série de debates em torno da forma mais adequada para se alcançar e se
manter uma sociedade anárquica. Eles perpassam pela necessidade ou não da
existência de uma moral anarquista,de uma plataforma organizacional, questões
referentes ao determinismo da natureza humana, modelos educacionais e
implicações técnicas, científicas, sociais e políticas da sociedade
pós-revolução.
Assim queremos mostrar como a
educação no Brasil pode se transformar, se a tendência Progressista Libertária
for adotada pelas instituições de educação.
Trabalharemos as dificuldades do professor em relação as mudanças, a
forma transgressora do ser humano atuar em sociedade, o velho e o novo na educação(os queixumes), o
pensamento coletivo e consentido.
2.
JUSTIFICATIVA
Acreditamos que a Tendência
Progressista Libertária é uma forma de tornar a educação mais agradável e
acabar com as diferenças sociais. O modelo que se aplica hoje é o mesmo que se
aplicava há 100 anos. Precisamos desta mudança, o exemplo do educador José Pacheco, que se
reconheceu como um fracassado e resolveu aprender a aprender, e como resultado
desta busca, realiza um trabalho na escola da Ponte em Portugal reconhecido
internacionalmente por seu êxito (modelo libertário) e do Projeto Âncora no Brasil,
só reforça nossa opinião a respeito da necessidade de uma transformação na
forma de ensinar dos nossos educadores.
A manutenção do status quo da elite brasileira é
sustentada por este sistema educacional vigente desde a colonização até os dias
atuais. Há a
necessidade de instituir novas e autônomas formas de organização das
escolas, e
abandonar um ensino meramente transmissivo em favor de uma educação crítica.
A forma como o sistema escolar está organizado não é
adequada para o mundo atual. Queremos um ambiente onde o aluno não pare de
estudar. Onde crianças e jovens aprendam e não haja evasão escolar. Qual é a
proposta pedagógica que atenderia a sociedade brasileira hoje?
Esta tendência encontra uma
resistência enorme por parte da sociedade e pelos educadores, por causa de sua
ideologia anarquista. Por este motivo queremos mostrar seus benefícios e sua real proposta, despidos de preconceito
em relação ao assunto. Pretendemos mostrar quem são os interessados em manter o
sistema atual.
3. CONTEXTO
HISTÓRICO
Os movimentos anarquistas, os
movimentos operários, no século XX, surgiram como contestação social e na luta
por reivindicações de igualdade. Tal contestação permeou a educação tanto na
Europa como no Brasil. Atualmente, as discussões sobre o anarquismo nem sempre
levam em consideração o seu contexto de contestação e lutas sociais. Anarquia
possui o significado de ausência de coerção e não a ausência de ordem. Como
reação ao movimento anárquico, no final do século XIX e no início do século XX,
espalhou a compreensão de que o anarquismo seria a instauração do caos ou então
a instauração da indiferença das relações humanas. Assim, cabe conceber o
anarquismo enquanto um pensamento que contestou a hegemonia do capitalismo, o
autoritarismo do socialismo e as estruturas de coerção. Como
as pessoas educadoras anarquistas não acreditavam que nem o Estado ou a Igreja
pudessem promover seus ideias libertários, e levando em consideração que, no
caso do Brasil, muitas escolas surgiram devido às igrejas, houve dificuldades
de manutenção das escolas libertárias. Apesar de o movimento anárquico ser
conhecido pela sua radicalidade, a tendência pedagógica libertária não é vazia,
sem propostas. Há uma preocupação com as possibilidades de transformação,
possibilidade de uma educação que não seja escrava da sociedade capitalista. No Brasil, o movimento anarquista e
operário foi impulsionado pelas ideias “de fora”. Como os imigrantes europeus
se encontravam no Brasil trabalhando em indústrias, há uma relação direta entre
os princípios libertários estrangeiros. A divulgação das ideias, através de
panfletos, da imprensa era um instrumento de denúncia e de conscientização.
Claro que a oposição e a perseguição do clero e do Estado acompanhavam e
repreendiam as manifestações e publicações libertárias.
4.
A EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA
O que esta tendência propõe é a
autogestão que supõe a gestão da educação pelos envolvidos no processo
educacional; isso significa a devolução do processo de aprendizagem às
comunidades onde o indivíduo se desenvolve (bairro, local de trabalho).
Autonomia do indivíduo, o indivíduo não é um meio; é fim em si mesmo. No
universo das coisas (mercadorias) tudo tem um preço, porém só o homem tem
dignidade, negação total de prêmios ou punições. Solidariedade, da mesma
maneira que o capitalismo cria a competição entre os trabalhadores, para
superá-las eles desenvolvem formas de solidariedade.
A
pedagogia libertária espera que a escola exerça uma transformação na
personalidade dos alunos, num sentido libertário e autogestionário (a escola
institui, com base na participação dos grupos, mecanismos institucionais de
mudança, através de assembleias, conselhos, eleições, reuniões e associações).
As
matérias são colocadas à disposição do aluno, mas não são exigidas. São um
instrumento a mais, porque o que realmente é importante para a pedagogia
libertária é o conhecimento que resulta das experiências vividas pelo grupo. O
método de ensino, portanto, dá-se na vivência grupal, é na forma de autogestão
que os alunos buscarão encontrar as bases mais satisfatórias de sua própria
aprendizagem, sem qualquer forma de poder. Trata-se de colocar nas mãos do
aluno tudo que for possível. Os alunos têm liberdade de trabalhar ou não,
ficando o interesse pedagógico na dependência de suas necessidades ou das do
grupo.
A educação tem grande importância
para os anarquistas, pois é por meio dela que acontecem as transformações na
social.: não apenas à educação dita formal,
aquela oferecida nas escolas, mas também àquela dita informal, realizada pelo conjunto
social e daí sua ação cultural através do teatro, da imprensa, seus esforços de
alfabetização e educação dos trabalhadores,
seja através dos sindicatos ou das associações operárias. É com
relação à escola, que vimos os maiores desenvolvimentos teóricos e práticos no
sentido da constituição de uma educação
libertária.
Os
anarquistas fazem uma crítica à educação
tradicional, oferecida pelo capitalismo, tanto em seu aparelho
estatal de educação quanto nas instituições privadas. A principal acusação
libertária diz respeito ao caráter
ideológico da educação, procurando mostrar que as escolas
dedicam-se a reproduzir a
estrutura da sociedade de exploração e dominação, ensinando os alunos a
ocuparem seus lugares sociais pré-determinados. A educação assumia, assim, uma
importância política bastante grande, embora ela se encontre devidamente
mascarada sob uma aparente “neutralidade".
Assim os anarquistas assumem o caráter político da educação, querendo colocá-la não mais ao serviço da manutenção de uma ordem social, mas sim de sua transformação, denunciando as injustiças e desmascarando os sistemas de dominação, despertando nos indivíduos a consciência da necessidade de uma revolução social.
Metodologicamente, a proposta anarquista de educação vai procurar trabalhar com o princípio de liberdade, o que abre duas vertentes de compreensão e de ação diferenciadas: uma toma a liberdade como meio, a outra como fim.
Assim os anarquistas assumem o caráter político da educação, querendo colocá-la não mais ao serviço da manutenção de uma ordem social, mas sim de sua transformação, denunciando as injustiças e desmascarando os sistemas de dominação, despertando nos indivíduos a consciência da necessidade de uma revolução social.
Metodologicamente, a proposta anarquista de educação vai procurar trabalhar com o princípio de liberdade, o que abre duas vertentes de compreensão e de ação diferenciadas: uma toma a liberdade como meio, a outra como fim.
A escola não pode ser um espaço de liberdade em meio à coerção social;
sua ação seria inócua, pois os efeitos da relação do indivíduo com as demais
instâncias sociais seria muito mais forte. Partindo do princípio de autoridade,
a escola não se afasta da sociedade, mas insere-se nela. O fato é, porém, que
uma educação anarquista coerente com seu intento de crítica e transformação
social deve partir da autoridade não para tomá-la como absoluta e intransponível,
mas para superá-la. O processo pedagógico de uma construção coletiva da
liberdade é um processo de des-construção paulatina da autoridade. (Silvio Gallo)
4.1.
O PARADIGMA ANARQUISTA E A EDUCAÇÃO
CONTEMPORÂNEA
O progressista nas discussões
pedagógicas contemporâneas defende a escola pública. A atual Constituição
brasileira afirma que a educação é um "direito do cidadão e
um dever do Estado", definindo desde o início a
responsabilidade do Estado para com a educação. Ela é, porém, um empreendimento
bastante dispendioso, e por certo esse interesse do Estado não é gratuito ou
meramente filantrópico. A história nos mostra que os assim chamados sistemas
públicos de ensino são bastante recentes e consolidam-se junto com as
revoluções burguesas que parecem querer contribuir para transformar o
"súdito" em "cidadão", operando a transição política para
as sociedades contemporâneas. Outro fator importante é a criação, através de
uma educação "única", do sentimento de nacionalidade e identidade
nacional, fundamental para a constituição do Estado-nação. Segundo GALO:
Os anarquistas, coerentes com sua
crítica ao Estado, jamais aceitaram essa educação
oferecida e gerida por
ele; por um lado, porque o Estado certamente utilizar-se-á deste veículo de formação/informação que é a educação para
disseminar as visões sócio-políticas que lhe são interessantes.
A pedagogia anarquista diverge de outras tendências progressistas, que
procuram ver no sistema público de ensino "brechas" que permitam uma
ação transformadora, subversiva mesmo, que vá aos poucos minando por dentro
esse sistema estatal e seus interesses. Só que existem limites muito estreitos
para uma suposta "gestão democrática" da escola pública. Ou, para
usar palavras mais fortes e precisas, o Estado "permite" uma certa
democratização e mesmo uma ação progressista até o ponto em que essas ações não
coloquem em xeque a manutenção de suas instituições e de seu poder; se este
risco chega a ser pressentido, o Estado não deixa de utilizar de todas as suas
armas para neutralizar as ações "subversivas".
É por isso que, na perspectiva
anarquista, a única educação revolucionária possível é aquela que dá-se fora do
contexto definido pelo Estado, sendo esse afastamento mesmo já uma atitude
revolucionária. A proposta é que a própria sociedade organize seu sistema de
ensino, à margem do Estado e sem a sua ingerência, definindo ela mesma como
aplicar seus recursos e fazendo a gestão direta deles, construindo um sistema
de ensino que seja o reflexo de seus interesses e desejos. É o que os
anarquistas chamam de autogestão.
5. TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS
Segundo SAVIANI as tendências
pedagógicas progressistas analisam
de forma critica as realidades sociais, cuja educação possibilita a compreensão
da realidade histórico-social, explicando o papel do sujeito como um ser que constrói
sua realidade. Ela assume um caráter pedagógico e político ao mesmo tempo. É
divida em três tendências:
5.1.
Libertadora: o papel da educação é conscientizar para transformar a
realidade e os conteúdos são extraídos da pratica social e cotidiana dos alunos.
Os conteúdos pré-selecionados são vistos como uma invasão cultural. A
metodologia é caracterizada pela problematizarão da experiência social em
grupos de discussão. A relação do professor com o aluno é tida como horizontal
em que ambos passam a fazer parte do ato de educar.
5.2.
Libertaria: a escola propicia praticas democráticas, pois acredita que
a consciência política resulta em conquistas sócias. Os conteúdos dão ênfase
nas lutas sociais, cuja metodologia é está relacionada com a vivência grupal. O
professor torna-se um orientador do grupo sem impor suas idéias e convicções.
5.3.
Crítico-social
dos conteúdos: a escola tem
a tarefa de garantir a apropriação critica do conhecimento cientifico e
universal, tornando-se uma arma de luta importante. A classe trabalhadora deve
apropriar-se do saber. Adota o método dialético, esse que é visto como o
responsável pelo confronto entre as experiências pessoais e o conteúdo
transmitido na escola. O educando participa com suas experiências e o professor
com sua visão da realidade.
6.
MIGUEL ARROYO E A
EDUCAÇÃO NO EJA
No final dos anos setenta e durante toda a década de oitenta as
manifestações políticas, inicialmente
relacionadas ao combate à ditadura, à anistia e ao retorno ao Estado de Direito
faz surgir no país o valor ao direito a cidadania. Trazendo com isso uma visam
nova com relação a educação no Brasil. Este novo cenário faz surgir novos
atores capazes de gerar uma grande transformação político-social em nosso país.
É nesse contexto que a produção teórica e conceitual de Miguel González Arroyo
passa a circular entre os que se inseriam no conjunto das lutas sociais.
Segundo (Nogueira, 2011) em um cenário
de profundas transformações, pontuado por intensa mobilização social, os atores
sociais tinham em suas mãos os vislumbres de uma nova sociedade mais
democrática e mais pluralista. Aprofundar as relações entre educação, trabalho
e movimentos sociais confluía na (re)significação das virtualidades educativas
dos sistemas de educação como via de acesso a uma sociedade mais igualitária e
menos injusta. Buscava-se um referencial analítico capaz de repor na cena
pública os sujeitos coletivos e, ultrapassar uma visão da escola como mero
aparelho ideológico do Estado.
Arroyo tem uma preocupação constante
com a inserção, no sistema escolar, daqueles que expõem as brutais
desigualdades que os vitimam. Miguel Arroyo critica a forma como os “coletivos
feitos desiguais” são situados como o problema das instituições: incivilizados,
incultos, incapazes, violentos. A radicalidade de sua análise, está em
demonstrar em que medida o funcionamento do Estado e o sentido das políticas
sociais, entre elas a educação, colabora para a produção e a manutenção das
desigualdades que dizem querer superar. Lembra-nos que, na solução proposta por
políticas compensatórias e distributivas que pretendem suplementar carências,
“o único sujeito da ação será o Estado, suas políticas, suas instituições e
seus gestores” (Arroyo, 2010, p. 5). Nogueira diz “Com essa afirmativa, o autor
não quer argumentar em torno de uma nova proposição de política, mas sinalizar
que a visão da diferença como problema tem funcionado como mecanismo de sua
produção como desigualdade.” Assim Miguel Arroyo produz uma crítica às
políticas de inclusão que não avançam em relação à forma como definem os
coletivos desiguais, portanto não interferem na contínua transposição da
diferença em desigualdade. O binômio exclusão-inclusão é insuficiente para
superar uma lógica de relações de poder estabilizada no funcionamento do
Estado.
Miguel diz que hoje quem se afirma na sociedade é o
coletivo, são os movimentos que ganham poder e atingem os objetivos. E isso se
demonstra nas passeatas, marchar e todo tipo de manifesto. Mas nossa sociedade
ainda é individualista, e ele fala sobre isso em seu texto “Pedagogias em movimento”, onde ele faz
a pergunta sobre o que temos que aprender com os movimentos sociais? Onde ele
mostra a importância dos direitos coletivos. Falamos tanto do jovem mais não
conseguimos dar uma aula para uma turma pensando no coletivo, a questão do
gênero também é tratada. Não temos uma pedagogia da diversidade.
Em uma palestra em 2010 Arroyo fala sobre a EJA, e diz que é necessário
falar sobre a história do trabalho e diz que a história do trabalho está
ausente da história da educação básica. A história do trabalho docente está
ausente dos cursos de pedagogia e de licenciatura. A história do movimento
docente está ausente, e ele defende que seja colocado no currículo mesmo
sem que o MEC determine, para ele isso é
dever do professor. E ele afirma que a padrão de trabalho nas sociedades
colonizadas é diferentes, aqui o trabalho nasceu racista. A diferença do
trabalho para índios, negros e colonizadores, e a diferença que permanece até
hoje. Tudo que move a sociedade determina a os rumos da educação. O trabalho
sempre foi para poucos, Incerto para muitos e manter as pessoas nesta situação
de incerto é uma forma perversa de manter a sociedade em situação, lugares e
condições sociais incertos. Quem passa pelo ProEJA não vai ganhar um trabalho
certo, diferente de quem passa por um
curso de engenharia. Esta pedagogia capitalista colonial brutal é para manter
os outros na incerteza. Temos que ensinar estes jovens do ProEJA de onde eles
vieram e onde iram cair depois e que padrão de trabalho os persegui e que vai
continuar perseguindo. Ou seja ver este padrão de trabalho colado ao padrão de
dominação subordinação na especificidade de nossa história colonial e
pós-colonial capitalista. Este seria um ponto para a proposta curricular para
ele saber se. E se o currículo é só para ele dominar algumas coisas da tecnologia
e sair pensando conhecer estamos enganando jovens e adultos que vem de um
percurso tão sofridos e que lutam por
vida, comida, moradia e nós prometendo que após a passagem pelo ProEJA tudo
será diferente.
7.
ESCOLA DA PONTE, UM
MODELO A SER SEGUIDO
O modelo revolucionário da Escola da Ponte, referência
mundial em educação, foi a inspiração para o Projeto Âncora – ONG em Cotia, São
Paulo, com 17 anos de atuação na área social – lançar sua escola de
educação básica. Assim como a portuguesa, a Escola Projeto Âncora não tem
séries; alunos de 6 a 10 anos estudam juntos, desenvolvem projetos de pesquisa
de acordo com suas afinidades e são orientados por professores e pedagogos. A
repercussão do trabalho de José Pacheco na mídia brasileira é grande.
Seu trabalho já foi mostrado em programas como Esquenta e Fantástico da rede
Globo. Seus vídeos aparecem com frequência
quando se pesquisa as Tendências
Progressistas. Grandes intelectuais como Rubem Alves e Roberto Freire se
curvaram diante o trabalho deste educador.
José Pacheco não é o primeiro - e nem será o último - a
desejar uma escola que fuja do modelo tradicional. Ao contrário de muitos, no
entanto, o educador português pode se orgulhar por ter transformado seu sonho
em realidade. Há 28 anos ele coordena a Escola da Ponte. Apesar de fazer parte
da rede pública portuguesa, a escola de ensino básico, localizada a 30
quilômetros da cidade do Porto, em nada se parece com as demais.
A Ponte não segue um sistema
baseado em seriação ou ciclos e seus professores não são responsáveis por uma
disciplina ou por uma turma específicas. As crianças e os adolescentes que lá
estudam - muitos deles violentos, transferidos de outras instituições - definem
quais são suas áreas de interesse e desenvolvem projetos de pesquisa, tanto em
grupo como individuais.
A cada ano, as crianças e os jovens criam as regras de convivência que serão seguidas inclusive por educadores e familiares. É fácil prever que problemas de adaptação acontecem. Há professores que vão embora e alunos que estranham tanta liberdade. Nada, no entanto, que faça a equipe desanimar.
A cada ano, as crianças e os jovens criam as regras de convivência que serão seguidas inclusive por educadores e familiares. É fácil prever que problemas de adaptação acontecem. Há professores que vão embora e alunos que estranham tanta liberdade. Nada, no entanto, que faça a equipe desanimar.
José
Pacheco agora aposta no Projeto Âncora como a semente de uma educação inovadora
no Brasil, cuja proposta pedagógica substitua aulas expositivas e turmas
separadas em séries por espaços de aprendizagem.
BIBLIOGRAFIA
Beatriz Fischer : o velho e
o novo na educação TEDxUnisinos
Experiências Inovadoras na Educação: José Pacheco at
TEDxUnisinos
EMEF Presidente Campos Salles no Esquenta! Exibido no
dia 05 de maio de 20013
Tendência
Pedagógica Progressista Libertária –Uma breve apresentação - Kathlen Luana de
Oliveira*
p://www.flogao.com.br/chivunk/blog/940345
SAVIANI.
Dermeval. Escola e
democracia. 31 ed. Campinas: Autores Associados, 1997.
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