Rose Salazar
17 de outubro de 2016
O
cenário político em Volta Redonda está muito fervoroso, ocorrendo,
a todo momento ofensas e denuncismos, além de sermos bombardeados
com notícias sobre os dois candidatos a Prefeitura. Nesse ambiente
de disputa, fatos inverídicos, perfis falsos, manipulação dos
órgãos de imprensa (através de inserções em seus sites), atacam
a reputação dos candidatos, que vão se multiplicando nas redes
sociais. O
tradicional cabo eleitoral está sendo substituído pelo ativismo
digital.
Isso é uma tendência mundial. Os partidos já se organizam para
este novo momento digital que a sociedade vive. Tudo muito novo!
Pior, nada de novidade. O novo é apenas o instrumento que está
sendo utilizado ou manuseado
(internet), mas a prática política é velha. As ofensas e boatos já
se encontram enraizadas em nossa cultura. Lembro-me de um amigo que
citou, em uma conversa privada, os métodos utilizados por ele há 14
anos atrás, dentre estes, no caso, falar ao celular (lembrando que o
celular nesse momento quase nunca tinha área de cobertura) dentro de
um ônibus, em voz alta, como se a conversa não pudesse chegar aos
ouvidos da população (pura fofoca). Nas palavras dele, esses boatos
(noticias criadas) se espalhavam como fogo, sem endereço e nome.
Como conter uma fofoca? A questão é onde está a ética que tanto
buscamos na política? Como podemos cobrar uma conduta ética de
nosso candidato, se utilizo esta prática? Percebendo que a internet
está sendo utilizada para espalhar boatos, decidi escrever sobre os
dois candidatos e sobre os boatos ou verdades que se espalham nas
redes sociais.
Iniciarei
com um boato “leve”: a visita do candidato Samuca à Casa
Maçonica, com a finalidade de apresentar suas propostas. Aqui, nesse
caso, espalhou-se de uma forma assustadora. É nesse momento que
conhecemos o preconceito ainda enraizado na sociedade, várias
pessoas se posicionando contra o candidato alegando que ele seria
maçom (isso, em si, é pecado ou desconhecimento?). O boato foi
desmentido pelo próprio Samuca, que chegou a postar sobre o convite
feito pela Casa Maçonica aos dois candidatos, e aceito por ambos,
sendo que Samuca apresentaria suas propostas em 11 de outubro,
enquanto Baltazar em 25 do mesmo mês. Outro fato, não difundido na
mídia, talvez por falta de repercussão negativa, foi o encontro dos
candidatos com a Diocese de Volta Redonda. Esses fatos comparativos
deixam claro a intenção em denegrir a imagem de Samuca.
Quanto
aos boatos sobre o Samuca ser favorável à legalização do uso da
maconha e do aborto, por “constar no estatuto do Partido Verde”,
são pontos que muito nos assustam. Mas, nestes temas, a eleição de
Volta Redonda tem o poder de decidir sobre tais questões, que se
encontram em constante debate no plano nível nacional? Qual é a
função do prefeito? Trata-se de eleição para Deputado? Será que
Samuca, uma vez eleito, teria o poder de liberar o uso da maconha em
nossa Cidade e regulamentar o aborto? Tenho certeza e convicção de
que ele precisaria resolver as questões de saúde, do qual o
município vem sofrendo. Aliás, se resolver esse ponto, já estará
fazendo um bom trabalho pela população, que tanto sofre com a falta
de médicos nos postos de saúde, falta de medicamentos nas farmácias
públicas, ausência de leitos nos hospitais, dificuldades em marcar
uma cirurgia, etc. Acredito que as questões colocadas em relação
ao aborto e a maconha são matérias de competência do Congresso
Nacional, não estando na pauta de prioridades para nenhum dos dois
candidatos. Nesse momento, temos muitas pessoas sendo levadas para
fazer hemodiálise em outras cidades, e acredito que esta é uma
prioridade. Precisamos de clinicas municipais ou estaduais para
atender aos dependentes químicos de nossa cidade e região. Afinal
eles irão governar para todos, devendo focar na prevenção.
Quando
Samuca fala que não é político, eu entendo isso no sentido das
velhas práticas políticas, aquelas que mencionei no início do
texto. Algo tão esperado por algumas pessoas e assustador quando
aparece. O discurso de que isso seja perigoso se espalha, como se
isso fosse algo abominável, assustador, quase uma aberração. Não
precisamos de políticos profissionais, mas sim de pessoas que
governem com respeito ao dinheiro público, difundindo a
transparência na Administração Pública. Chega de criar redes de
influências para manter o poder local, regional e nacional. Essas
notícias são veiculadas para manter nosso voto no cabresto, assim,
você desiste de votar no novo e deixa se perpetuar a velha política
que governa nossa cidade há anos.
Outro
fato que me deixa apavorada é a comparação de Samuca com Collor,
esdrúxula e ignorante. Quem escreveu não sabe certamente de onde
veio Collor. Collor foi levado ao poder pela ARENA/PDS, quando foi
nomeado prefeito de Maceió em 1979; em 1982 foi eleito deputado
federal, votando em Maluf para presidente, no Colégio Eleitoral.
Filiou-se ao PMDB, em 1986, sendo eleito governador de Alagoas, na
onda do Plano Cruzado. Através do PRN, partido criado por ele,
disputou a presidência em 89. Samuca nunca ocupou um cargo político
eletivo. Isso é, no mínimo, um grande anacronismo. Usar o argumento
de que as mulheres elegeram Collor pela beleza, e farão o mesmo com
Samuca, é ofender a inteligência da mulher, como se fossemos
alienadas. Verifica-se, nessas palavras, puro preconceito,
principalmente em relação à maioria da população de Volta
Redonda. Sugiro a esse tipo de pessoa, muito cuidado com o que falam,
devido à uma grande bobagem no que expressam. As mulheres sabem
escolher e a comparação é totalmente sem "noção".
O
caso que mais fez-me rir foi a publicação, no jornal Diário do
Vale, com o título “vice de Baltazar é criador da lei da creche
integral”. Faço a primeira pergunta: se ele foi autor da lei, por
que não fez com que fosse cumprida? Outra pergunta: o que está
sendo feito com a verba federal do Programa “Brasil Carinhoso"
(muito dinheiro), destinada ao nosso município? Será que o vereador
(vice) sabe? Agora, o básico: Sr. Vereador, por que não apresenta o
que verdadeiramente fez? Quanto ao jornal, faço a seguinte pergunta:
por que o título nada tem a ver com o conteúdo da matéria? Seria
para induzir a população a acreditar nesse disparate? Existe, no
direito brasileiro, a Constituição Federal, a LDB; assim, cuidado
com o que postam.
Muitas
vezes, por fala de tempo, nos dedicamos a ler somente o título da
matéria, e ficamos com a opinião que o título sugeri. Ou, quem
sabe, teria sido um equivoco na edição? Prefiro acreditar na
segunda hipôtese.
O
discurso de que um gestor não pode governar porque não conhece de
política é enganoso. Se for assim, podemos falar de casos de
engenheiros que assumiram a direção de hospitais, engenheiro civil
como ministro do Planejamento, ministro da saùde e vários casos no
Brasil, alguns com sucesso, outros nem tanto.
Quanto
ao candidato Baltazar, no primeiro turno atacado pelo PEN, com
panfletos que lembravam à população sobre os processos judiciais
dos quais ele responde em relação a Operação Sanguessuga, ficou
tudo esquecido no segundo turno. Nada mais é falado sobre isso, os
ataques se concentraram em Samuca. Após o candidato Samuca se
pronunciar a respeito de não aceitar o apoio de partidos, as forças
partidárias se uniram contra ele, ferozmente. Os partidos que se
empenhavam em atacar o candidato Baltazar, não apenas nessa eleição,
mas desde 2006, agora unem-se a ele para derrotar Samuca, sendo isso,
no mínimo, estranho.
"Em
maio de 2006,
a Polícia Federal deflagrou a Operação Sanguessuga para
desarticular o esquema de fraudes em licitações na área de saúde.
De acordo com a PF, a quadrilha negociava com assessores de
parlamentares a liberação de emendas individuais ao Orçamento da
União, para que fossem destinadas a municípios específicos. Com
recursos garantidos, o grupo - que também tinha um integrante
ocupando cargo no Ministério da Saúde - manipulava a licitação e
fraudava a concorrência, valendo-se de empresas de fachada. Os
preços da licitação eram superfaturados, e o lucro era distribuído
entre os participantes do esquema. Dezenas de deputados foram
acusados inclusive o candidato a prefeitura de Volta Redonda Paulo
Cesar Baltazar.“ (vide matéria do Congresso em foco)
Esse
fato, nesse momento, para a impressa local, não possui mais
relevância para o grupo que se une para eleger o candidato Baltazar.
Ou seja, um caso de AÇÃO CIVIL PÚBLICA/IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
deixa de ter relevância, passando o foco para a falta de experiência
do candidato Samuca. Aí vem minha pergunta, por que?
O
candidato Baltazar defende-se, argumentando que, na função de
deputado, não tinha o poder de comprar ambulâncias; evidente que
sabemos disso, mas, a denuncia é “ liberação de emendas
individuais ao Orçamento da União” para os municipios, a partir
de uma licitação fraudulenta.
A
defesa é que o caso não foi julgado, sendo o candidato inocente,
até que se prove o contrário. Leonel Brizola já denunciava Eduardo
Cunha, em 2000. Noticiou-se: “Brizola estava incomodado com a
Cehab, comandada por Cunha, detentora de um dos maiores orçamentos
do governo fluminense." Organizou um abaixo assinado pedindo o
afastamento de Eduardo Cunha, “devido à má-gestão e também aos
seus antecedentes”, de acordo com outra reportagem da Folha de
S.Paulo. A população não acreditou nas denuncias, e, mesmo diante
a tantas denuncias que surgiram durante os anos, Eduardo Cunha
continuou sendo eleito, alegando ter sido caluniado pela oposição.
Muito
me assusta a banalização desse caso por parte da grande maioria dos
políticos e partidos de nossa cidade, que valorizam a falta de
experieência de Samuca Silva, a despeito da denúncia na “máfia
das ambulâncias” de Baltazar.
Poderíamos
debater tantos argumentos utilizados para denegrir a imagem de um
candidato, e, por tabela, santificar o outro. Por enquanto, até que
outro assunto apareça nas redes, ficarei por aqui, lembrando que,
independente de partido, tenho respeito pelos dois candidatos, mas
nunca negaria minha preferência por Samuca. Não seria coerente
reivindicar políticas públicas voltadas para o primeiro emprego de
jovens, e negar a um candidato que, não sendo jovem, tenha direito
de ser um prefeito, com seus 35 anos. Sou Samuca no segundo turno,
seguindo o discurso que utilizei no primeiro turno “independência
para governar”. Vamos parar de mimimi
e ouvir propostas. Após as eleições, cobraremos dos vereadores e
do Prefeito eleito tudo que prometeram durante a campanha.